'A Cinemateca veio a comunicar que a sua actividade para Abril reduzir-se-ia de cinco para três sessões diárias, implicando o fecho de uma das suas duas salas. Do mesmo modo, é posta em cheque a possibilidade de colaborações mais alargadas com outras associações e festivais que definem o panorama da programação cinematográfica de um país altamente velado a uma distribuição diversificada nas suas propostas. De uma Cinemateca com duas salas para os seus filmes e para os filmes dos outros ficamos com uma sala na honorável Rua Barata Salgueiro, em Lisboa, debaixo de uma nuvem de incerteza quanto ao futuro. (...) Assim, pior que o espanto de se achar que o impedimento da exibição de filmes pela Cinemateca poderá salvar Portugal da bancarrota será a incapacidade de compreender o reverso desta medida: a censura de um serviço público exclusivamente suportado pela Cinemateca (visto que a televisão pública não o cumpre) sobre uma parte essencial da compreensão e uso das imagens que alimentam e produzem o nosso pensamento.'
Para entrar na Cinemateca, por estes dias, é preciso aprender a desviar-me das teias de aranha.