«a extraordinária leitura continuou. eu não podia manter-me quieto na poltrona e os arrepios percorriam-me não só os ombros, mas também a cabeça e o corpo todo. se tivesse visto a minha cara num espelho, talvez me tivesse rido e tudo teria passado, já que devia estar tingida de abjecto estupor e de raiva indecisa. tentei por instantes não ouvir as palavras do calmo leitor, mas só consegui ficar mais confuso e ouvi, palavra por palavra, pausa por pausa, a história que o homem lia, com a cabeça ruiva curvada para o bem encadernado volume.»
{giovanni papini, o espelho que foge, editorial presença, p. 38}
{giovanni papini, o espelho que foge, editorial presença, p. 38}