passaram 45 minutos. não, passaram 300 minutos. passaram 45 minutos. não, passaram 300 minutos. a primeira medição pertence ao meu corpo, a seguinte ao cérebro. no que respeita o tempo avançaram, de facto, 300 minutos. mas não. foram 45 minutos. não interessa o mediatismo em volta das durações, é antes imediatismo. passa. o tempo em cena não é tempo, é cena. entenda-se. entendam.
daquela casa de espera-cemitério-jardim-anástasis recebi a mais intensa experiência teatral de 310 meses.
ali, tocar piano equivale a levantar pesos, «o mundo é lixo», «a infância nunca defrauda», «as montanhas de cadáveres são um acontecimento e por isso amamos a humanidade».
apeteceu-me mecanizar o olhar, aguçá-lo e forçá-lo em círculo. não é possível absorver toda a experiência. nem descrevê-la.
anote-se apenas: o cheiro a flores brutaliza.
{' La casa de la fuerza', int: angélica liddell, maria morales, lola jiménez, getsemani de san marcos, perla bonilla, cynthia aguirre e maria sanchez, orquestra solis, pau de nut, juan carlos heredia. Culturgest, 11 Fevereiro 2011}