não facilites a escolha dos filmes

não facilites a escolha dos filmes.

«o cinema é uma invenção maravilhosa que nos pode proporcionar horas muito agradáveis e belas. mas, por uma questão de ganância, nem todos os filmes são recomendáveis.

não falta gente nova que vá submeter-se - pagando ainda por cima - à sua influência, por vezes tão prejudicial. tu, porém, não caias na esparrela. nunca vás ver um filme, sem saber primeiro se é bom para ti ou não. e isso, não é pelo título, nem pelo nome dos actores, nem pelos reclamos, que o poderás descobrir. vê-lo-ás nas apreciações que muitas vezes vêm afixadas à porta das igrejas, ou publicadas no boletim paroquial. qualquer pessoa crescida, de confiança e bem informada, poderá igualmente dizer-te o valor do filme, se merece ser visto ou não.
porque motivo será necessário tanto cuidado? porque os maus filmes podem comparar-se a alimentos em mau estado, portadores de veneno e de germes de doenças. os maus filmes dão-.te ideias falsas, inventadas ou deformadas, acerca do amor e do casamento; familiarizam-se com o crime, etc. e essas imagens actuam em ti como outros focos de infecção, decompondo sentimentos e ideias. mesmo depois de teres esquecido o filme, podem um belo dia, na hora de tentação, vir subitamente à tua memória. o que tiver entrado na alma, lá fica. é portanto o simples instinto de conservação que te aconselha uma escolha cuidadosa dos filmes.»

{images: zazie dans le métro, louis malle, 1960| jules et jim, françois truffaut, 1962}
{tilmann, klemens - 'já és uma mulherzinha: iniciação das adolescentes nos mistérios da vida'. livraria tavares martins, porto, 1969, pp. 71 e 72}