taxionomia

da regeneração dos tecidos, II




6 - saltar ou não saltar
(...)
 
pausa
eternamente não é tempo Quando tás dentro do eternamente não reparas Não sabes o qu'é o tempo e isso Não pensas em dias e horas E se vem um tipo que te pergunta isto qu'horas são tu ficas a olhar para ele e dizes hã (...) pausa É possível / Continua a haver ontem A semana passada também Há um ano / É possível/ Tás a ver Não é tudo agora/ Mas essa outra coisa tá só na tua cabeça Isso do dantes/ Tou-me a cagar onde é qu'está Se me dói tanto faz s'é no joelho ou no tímpano Se me dói pausa Quero que desapareça Tudo o que me dói de dantes tem de desaparecer
silêncio
Pera lá Pera lá enganámo-nos Acho que«é assim No eternamente não há ontem Se não há amanhã também não há ontem É lógico É tudo uma só coisa e a mesma coisa Sempre agora Era o qu'eu tava a dizer / Um bocado esqu'isito isso É como aquilo de adormeceres  S'é assim quer dizer s'é tudo um só dia que nunca acaba ou que se repete sempre e tu não sabes ond'é qu'acaba e ond'é que começa Não acho bem pausa (...)
silêncio
O qu'é qu'achas/ Então a gente não sabe ao certo aquilo qu'aí vem/ Ninguém pode saber/ É um risco/ É assim que eu vejo/ Ninguém pode saber/ O qu'é qu'achas É um ponto a favor ou contra/ Mais para o a favor O risco é mais para o favor/ No fundo ninguém sabe


{dea loher, trad. josé maria vieira mendes, inocência, cotovia, pp. 118-122
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